“…É o despertar que entende o sono e não o sono que entende o despertar.”
LEWIS, C.S.: Perelandra.
Essa frase faz parte de uma história ficcional do autor citado mas acredito que vale uma ampliação do conceito implícito nela. Isso me lembra uma das passagens de C.G. Jung em que ele fala sobre a consciência e o inconsciente, mas já chegaremos nisso. Primeiramente, vamos refletir sobre a frase e no que ela nos propõe pensar, depois falaremos um pouco sobre os conceitos da psicologia analítica e por fim concluirei com algumas questões. Quando pensamos ou falamos de sono e sonhos há sempre o desafio de não estar acordado para entender o que acontece nesse processo de transição. Obviamente existem pesquisas sobre os dois assuntos em diversas abordagens, mas entender o próprio sono e os próprios sonhos é um desafio. Muitos recorrem à internet a fim de “interpretar” os sonhos ou até mesmo utilizam aplicativos de celular para monitorar as horas de sono. No fim das contas, no âmbito pessoal, entender o sono e os sonhos é bem difícil. Agora pensando um pouco sobre o que Lewis nos propõe com sua frase, nos soa como uma coisa muito óbvia se pensarmos de forma literal e física, mas se considerarmos seu significado mais subjetivo vamos chegar a outras conclusões ou, ao menos, reflexões. Só podemos perceber que estávamos dormindo se acordarmos. Simples, não? Mas subjetivamente, qual a real necessidade de expor tal pensamento? Será que essa reflexão pode ser feita para questionarmos nossa existência? Se esse for o caso, podemos compreender a frase como o dito popular “enfiar os pés pelas mãos”. Em tempo, se esse for mesmo o caso, podemos entender que está falando sobre ansiedade, sobre querer entender algo antes de ter a real compreensão. Ora, se caminharmos por essa reflexão, então fica mais compreensível o que não podemos fazer. Se é impossível que o sono entenda o despertar, quer dizer que há uma etapa a ser seguida para que haja outra a ser vivida. Isso nos leva a pensar mais profundamente sobre processos. Pensando sobre esse contexto dentro da perspectiva da ansiedade faz sentido falarmos sobre processos. A ansiedade pode ser compreendida como a vontade de pular algumas etapas (geralmente trabalhosas) e chegar a um final utópico como se pudéssemos vivenciar os resultados de algo que não foi iniciado. Assim, é impossível saber o final de algo que não começou, ou, entender o despertar enquanto se dorme. O sono nos deixa num estado de inconsciência e é aí que o inconsciente consegue entrar em contato com a consciência, através de símbolos.
A consciência origina-se de uma psique inconsciente, mais antiga do que a primeira, que continua a funcionar juntamente com a consciência ou apesar dela. (JUNG, C.G. 2002 p.274)
Jung fala sobre conseguirmos entrar em contato com o inconsciente através da consciência e assim caminharmos para a compreensão mais completa de nós mesmos. Definindo como processo de individuação, ele resume como o “tornar a ser o que sempre foi” (cf. JUNG, 2002. P.49). Ou seja, quanto mais compreendemos nosso mundo interno, mais nos aproximamos de quem sempre fomos. Estes termos e conceitos da psicologia analítica servem para nós terapeutas, mas conhecer o básico deles ajuda a nomear alguns sentimentos internos. Voltando à ansiedade e aos processos, acredito que podemos compreender melhor o sentimento dando alguns nomes. Para facilitar mais ainda, vou exemplificar. Digamos que você, esta noite teve um sonho. Nesse sonho você experimentou sensações que permaneceram latentes até te acordar. Acordada(o) você passa a pensar sobre os acontecimentos do sonho que logo vão se misturar à sua memória recente, assumindo formas ou desaparecendo de vez. Nesse meio tempo nossa frase lá do começo já fez sentido. Você só vai entender a sensação do sonho agora que despertou. Como é um processo natural do nosso corpo, simplesmente aceitamos e seguimos. Agora vamos levar para o processo mental. Você tem um pensamento em relação a algo que vai acontecer amanhã. Essa coisa te preocupa (pré-ocupa) a ponto de gerar sensações físicas, tal como um sonho ruim. Você só vai conseguir processar racionalmente e sair desse transe da preocupação quando despertar para o fato que o futuro ainda não aconteceu e ninguém pode garantir que ele aconteça. Se, por acaso, você consegue racionalizar isso, é como despertar de um sono profundo, ou seja, dentro da nossa compreensão até aqui, você só será capaz de refletir sobre o assunto quando estiver desperto acerca dele. Tudo isso tem muito a ver com o que falamos de consciência e inconsciente segundo a visão junguiana e podemos compreender o funcionamento do processo terapêutico. Muitas vezes as pessoas pensam na terapia como um processo mágico que em duas sessões vai trazer cura quando na verdade esse processo demanda esforço e análise. Demanda um despertar, logo, só é possível entender quem você realmente é quando souber quem você realmente é e não antes de perceber, conhecer e integrar a si mesmo.
Referência: Jung, C.G. Vol. IX / 1 – Os arquétipos e o inconsciente coletivo. 2002. Capítulo 2.
Sobre o Bruno Santana. Olá, eu sou Bruno Santana e sempre fui uma pessoa acolhedora, com o desejo genuíno de ajudar quem precisa. Durante meu processo de autoconhecimento, compreendi que esse era o verdadeiro chamado da minha alma. Foi então que busquei uma formação completa para exercer esse papel de cuidador de forma mais profunda e significativa.
Quando descobri a Arteterapia, percebi que seria fundamental complementá-la com um estudo mais aprofundado da Psicologia Analítica. Unir arte e terapia é um desafio, mas extremamente benéfico para o processo terapêutico. Isso oferece aos pacientes novos caminhos de expressão, além da fala, possibilitando uma abordagem mais rica e transformadora.
Na A Grande Roda, atendo com as seguintes práticas: Arteterapia com Psicologia Analítica, Calatonia, Oficina de Imaginação Dirigida.
A Grande Roda não se limita a oferecer terapias personalizadas para você; ela propõe uma abordagem integrativa e complementar que revoluciona o cuidado com a sua saúde. Dê o primeiro passo rumo ao bem-estar: agende sua consulta e experimente os benefícios das Terapias Integrativas. Explore como nossa plataforma pode guiá-lo para alcançar equilíbrio, cultivar uma vida mais saudável e viver com plenitude.
Na sala grande e clara, com uma parede inteira de espelhos, pisando no morno piso vinílico eu me reencontrei Numa roda de mulheres, com corpos de cores e tamanhos diversos, eu me conectei. Olhei para o espelho e ouvi o grito do meu corpo para mim. Ele pedia cuidado. Acolhi o grito e durante 60 …
Investir na saúde mental dos colaboradores impulsiona produtividade, retém talentos e reduz custos, promovendo um ambiente de trabalho saudável e sustentável. Leia mais no blog A Grande Roda.
A importância do processo terapêutico
“…É o despertar que entende o sono e não o sono que entende o despertar.”
LEWIS, C.S.: Perelandra.
Essa frase faz parte de uma história ficcional do autor citado mas acredito que vale uma ampliação do conceito implícito nela. Isso me lembra uma das passagens de C.G. Jung em que ele fala sobre a consciência e o inconsciente, mas já chegaremos nisso. Primeiramente, vamos refletir sobre a frase e no que ela nos propõe pensar, depois falaremos um pouco sobre os conceitos da psicologia analítica e por fim concluirei com algumas questões.
Quando pensamos ou falamos de sono e sonhos há sempre o desafio de não estar acordado para entender o que acontece nesse processo de transição. Obviamente existem pesquisas sobre os dois assuntos em diversas abordagens, mas entender o próprio sono e os próprios sonhos é um desafio. Muitos recorrem à internet a fim de “interpretar” os sonhos ou até mesmo utilizam aplicativos de celular para monitorar as horas de sono.
No fim das contas, no âmbito pessoal, entender o sono e os sonhos é bem difícil. Agora pensando um pouco sobre o que Lewis nos propõe com sua frase, nos soa como uma coisa muito óbvia se pensarmos de forma literal e física, mas se considerarmos seu significado mais subjetivo vamos chegar a outras conclusões ou, ao menos, reflexões. Só podemos perceber que estávamos dormindo se acordarmos. Simples, não? Mas subjetivamente, qual a real necessidade de expor tal pensamento? Será que essa reflexão pode ser feita para questionarmos nossa existência? Se esse for o caso, podemos compreender a frase como o dito popular “enfiar os pés pelas mãos”.
Em tempo, se esse for mesmo o caso, podemos entender que está falando sobre ansiedade, sobre querer entender algo antes de ter a real compreensão. Ora, se caminharmos por essa reflexão, então fica mais compreensível o que não podemos fazer. Se é impossível que o sono entenda o despertar, quer dizer que há uma etapa a ser seguida para que haja outra a ser vivida. Isso nos leva a pensar mais profundamente sobre processos.
Pensando sobre esse contexto dentro da perspectiva da ansiedade faz sentido falarmos sobre processos. A ansiedade pode ser compreendida como a vontade de pular algumas etapas (geralmente trabalhosas) e chegar a um final utópico como se pudéssemos vivenciar os resultados de algo que não foi iniciado. Assim, é impossível saber o final de algo que não começou, ou, entender o despertar enquanto se dorme.
O sono nos deixa num estado de inconsciência e é aí que o inconsciente consegue entrar em contato com a consciência, através de símbolos.
A consciência origina-se de uma psique inconsciente, mais antiga do que a primeira, que continua a funcionar juntamente com a consciência ou apesar dela.
(JUNG, C.G. 2002 p.274)
Jung fala sobre conseguirmos entrar em contato com o inconsciente através da consciência e assim caminharmos para a compreensão mais completa de nós mesmos. Definindo como processo de individuação, ele resume como o “tornar a ser o que sempre foi” (cf. JUNG, 2002. P.49). Ou seja, quanto mais compreendemos nosso mundo interno, mais nos aproximamos de quem sempre fomos. Estes termos e conceitos da psicologia analítica servem para nós terapeutas, mas conhecer o básico deles ajuda a nomear alguns sentimentos internos.
Voltando à ansiedade e aos processos, acredito que podemos compreender melhor o sentimento dando alguns nomes. Para facilitar mais ainda, vou exemplificar. Digamos que você, esta noite teve um sonho. Nesse sonho você experimentou sensações que permaneceram latentes até te acordar. Acordada(o) você passa a pensar sobre os acontecimentos do sonho que logo vão se misturar à sua memória recente, assumindo formas ou desaparecendo de vez. Nesse meio tempo nossa frase lá do começo já fez sentido. Você só vai entender a sensação do sonho agora que despertou. Como é um processo natural do nosso corpo, simplesmente aceitamos e seguimos. Agora vamos levar para o processo mental. Você tem um pensamento em relação a algo que vai acontecer amanhã. Essa coisa te preocupa (pré-ocupa) a ponto de gerar sensações físicas, tal como um sonho ruim. Você só vai conseguir processar racionalmente e sair desse transe da preocupação quando despertar para o fato que o futuro ainda não aconteceu e ninguém pode garantir que ele aconteça. Se, por acaso, você consegue racionalizar isso, é como despertar de um sono profundo, ou seja, dentro da nossa compreensão até aqui, você só será capaz de refletir sobre o assunto quando estiver desperto acerca dele.
Tudo isso tem muito a ver com o que falamos de consciência e inconsciente segundo a visão junguiana e podemos compreender o funcionamento do processo terapêutico. Muitas vezes as pessoas pensam na terapia como um processo mágico que em duas sessões vai trazer cura quando na verdade esse processo demanda esforço e análise. Demanda um despertar, logo, só é possível entender quem você realmente é quando souber quem você realmente é e não antes de perceber, conhecer e integrar a si mesmo.
Referência:
Jung, C.G. Vol. IX / 1 – Os arquétipos e o inconsciente coletivo. 2002. Capítulo 2.
Dê o primeiro passo rumo ao bem-estar: agende sua consulta e experimente os benefícios das Terapias Integrativas.
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